Famílias de pacientes com algum tipo de psicose ou distúrbio mental muitas vezes se vêem em um beco sem saída. O tratamento nesses casos é sempre pesado, precisa de ajustes e muita paciência. Isso porque os medicamentos ministrados para pessoas com essas condições, como as em fase inicial de Parkinson, costumam ter muitos efeitos colaterais.
Também é comum que o paciente precise saber qual anestésico será usado antes de uma cirurgia. Não raro, o médico precisa variar o medicamento, para adequar melhor ao tipo de procedimento ou mesmo para evitar uma reação alérgica.
Por isso, hoje, vamos falar sobre um medicamento importante que serve para os dois casos acima, o Amplictil.
Para que serve o Amplictil (indicação)
O Amplictil é indicado para casos psiquiátricos graves, como as psicoses de longa evolução. Esse medicamento controla a ansiedade e a agitação, principais características de alguém com algum nível de distúrbio mental. Nesse caso, soluços incoercíveis (que não param) também podem ser curados.
Outra aplicação possível do remédio é para náuseas, vômitos e neurotoxicoses infantis. Esse último ocorre quando a criança ou bebê é exposta a substâncias tóxicas, chamadas neurotoxinas, que podem ser naturais ou artificiais, mas que alteram a atividade normal do sistema nervoso, causando danos ao tecido nervoso.
O Amplictil também tem ação sedativa, por isso é muito usado como agente pré-anestésico em analgesia obstétrica e no tratamento da eclampsia (afecção grave, relacionada com a hipertensão, que geralmente ocorre no final da gravidez).
Outra função do Amplictil é ser associado a barbitúricos (composto químico sintético derivado de um ácido) no tratamento do tétano.
Como funciona o Amplictil
Há três apresentações do Amplictil: comprimidos revestidos, em gotas ou injetável. Em todos os casos, ele utiliza o princípio ativo do cloridrato de clorpromazina para agir no sistema nervoso central e controlar os mais variados tipos de excitação.
Por seu poder sedativo, ele é de grande valor para acalmar perturbações mentais e emocionais ou preparar um paciente para uma cirurgia. O remédio tem ação neuroléptica (antipsicótico), vagolítica (acalma nervos cranianos), simpatolítica (anti-hipertensivo) ou antiemética (alivia sintomas relacionados ao enjoo, às náuseas e aos vômitos).
Composição do Amplictil
De acordo com a bula elaborada pelo laboratório Sanofi, essas são as composições do Amplictil em suas diversas apresentações:
Comprimido revestido (via oral)
25 mg – cada comprimido de Amplictil 25 mg contém:
- cloridrato de clorpromazina: 28 mg
- excipientes q.s.p.: 1 comprimido
(amido de milho, sacarose, lactose mono-hidratada, dióxido de silício, estearato de magnésio, hipromelose, macrogol 20000, laca branca de óxido de titânio e corante amarelo crepúsculo FD&C n°6)
* equivalente a 25 mg de clorpromazina base.
100 mg – cada comprimido de Amplictil 100 mg contém:
- cloridrato de clorpromazina: 112 mg
- excipientes q.s.p.: 1 comprimido
(amido de milho, sacarose, lactose mono-hidratada, dióxido de silício, estearato de magnésio, hipromelose, croscarmelose sódica, macrogol 20000, laca branca de óxido de titânio e corante amarelo crepúsculo FD&C n° 6).
* equivalente a 100 mg de clorpromazina base.
Injetável (uso intramuscular)
Caixa com 5 ampolas de 5 mL – checar a forma correta de aplicação na bula.
Cada ampola de 5 mL de Amplictil injetável contém:
- cloridrato de clorpromazina: 27,85 mg
- excipientes q.s.p.: 1 ampola
(metabissulfito de sódio, sulfito de sódio, citrato de sódio di-hidratado, cloreto de sódio, ácido ascórbico e água para injetáveis)
*equivalente a 25 mg de clorpromazina base.
Gotas (via oral)
Frascos com 20 mL
Cada mL de Amplictil gotas contém:
- cloridrato de clorpromazina: 44,5 mg
- excipientes q.s.p.: 1 mL
(ácido ascórbico, sacarose líquida, álcool etílico 96° GL, glicerol, caramelo, essência de hortelã e água purificada).
*equivalente a 40 mg de clorpromazina base. Cada gota contém 1 mg de clorpromazina.
Aos diabéticos, uma advertência: o Amplictl gotas contém 409,5 mg de açúcar líquido e 3,5 mg de
caramelo por mL.
As versões em comprimidos e em gotas podem ser administradas também para uso pediátrico, mas apenas em crianças com dois anos ou mais.
Como usar o Amplictil (posologia)
As doses abaixo são apenas recomendações da bula do medicamento. Sempre procure indicação médica antes de iniciar um tratamento com Amplictil. Para idosos, levar em consideração doses menores do que as que serão ditas abaixo.
Amplictil comprimidos e em gotas
Como esse medicamento tem uma grande margem de segurança, a dose diária para um adulto pode variar de 25 a 1600 mg ao dia, de acordo com a recomendação médica. Recomenda-se começar o tratamento com 3 ou 4 doses diárias de 100 ou 200 mg, aumentando gradativamente até o fim do tratamento. O mais indicado é o comprimido.
Para crianças acima de 2 anos, a indicação é usar a versão gotas, já que a posologia é mais específica. A recomendação da bula é ministrar 1 mg por quilo durante o dia, dividido em 2 ou 3 doses. Ou seja, se a criança tiver 15 kg, aplicar 3 doses de 5 mg ao longo do dia. A única precaução é não passar a dose máxima de 40 mg para crianças abaixo de 5 anos e 75 mg para as mais velhas.
Amplictil injetável
Essa apresentação do Amplictil é geralmente usada em pacientes internados apenas. Nos adultos, a dose inicial deve ser de 25 a 100 mg, repetida a cada 4 horas, se necessário. Nas crianças, as doses são as mesmas da administração via gotas.
A recomendação é que o tratamento passe para a via oral assim que os sintomas mais graves forem controlados.
Contraindicação do Amplictil
O amplictil é contraindicado para pessoas com as seguintes condições:
- glaucoma de ângulo fechado
- doença cardiovascular grave
- depressão severa do sistema nervoso central
- pacientes com risco de retenção urinária, ligado a problemas uretroprostáticos
- comas barbitúricos e etílicos
Pessoas com sensibilidade às fenotiazinas também devem ter cautela. Em pacientes com doença de Parkinson, câncer da mama, discrasias sanguíneas, distúrbios hepáticos, convulsivos ou úlcera péptica, o médico deverá avaliar o risco-benefício do uso de Amplictil.
Mulheres grávidas, durante o aleitamento ou com a intenção de engravidar não devem usar esse medicamento. Idosos que tenham retenção urinária por problemas de próstata ou uretra não devem usar o Amplictil. Nos demais casos, a posologia deve ser reduzida, de acordo com recomendação médica. Em crianças com menos de 2 anos, o uso do remédio não é aconselhável.
Efeitos colaterais do Amplictil
Algumas reações comuns durante o uso do Amplictil são:
- sonolência
- secura da boca
- sensação de frio
- retenção urinária
- impotência
- ganho de peso
- amenorreia (ausência de fluxo menstrual)
- ginecomastia (inchaço das mamas masculinas devido à redução dos hormônios)
- discinesias precoces ou tardias (movimentos musculares involuntários que podem aparecer principalmente em pacientes com Parkinson, como torcicolo espasmódico, crises oculógiras ou trismo, por exemplo)
- síndrome extrapiramidal (deficiência das vias que controlam os movimentos involuntários)
- hipotensão ortostática (tontura ao se levantar)
- reações cutâneas como fotodermias e pigmentação da pele
- propensão a desenvolver intolerância à glicose
Em pessoas que estão sento tratadas com clorpromazina, há algumas reações muito raras, porém possíveis, como o priapismo (apetite sexual exagerado ou ereção peniana dolorosa), icterícia colestática (coloração amarelada da pele e das mucosas), lúpus eritematoso sistêmico e lesão hepática, principalmente dos tipos colestática ou mista.
Houve relatos isolados de morte súbita em pacientes recebendo neurolépticos fenotiazínicos (outro tipo de antipsicótico), provavelmente de causa cardíaca. Também há poucos registro de mortes relacionados a tromboembolismo venoso, embolismo pulmonar e trombose venosa profunda em pessoas que já utilizam outros medicamentos semelhantes ao Amplictil.
Superdosagem do Amplictil
O principal indicativo de que o paciente tomou doses exageradas de Amplictil é o excesso de movimentos musculares involuntários, como já explicado acima, caudados pela crise do sistema extrapiramidal. Ou seja, os tiques, alguns que podem até ser violentos.
Nesses casos, o que se deve fazer é interromper o uso imediatamente e procurar a urgência médica para fazer uma lavagem gástrica precoce, administração de antiparkinsonianos e estimulantes respiratórios, como a anfetamina e a cafeína com benzoato de sódio. Isso porque é comum que haja depressão respiratória durante a superdosagem de Amplictil.
Nunca induza o vômito por conta própria. Se possível, leve a embalagem ou a bula do remédio para o hospital, para que o médico possa ter mais informações sobre como agir.
Precauções
Não consuma bebidas alcoólicas durante o tratamento com Amplictil. Também não se deve dirigir ou operar máquinas pesadas, já que o medicamento induz ao sono. Grávidas, idosos e crianças devem usar esse remédio com cautela, como já explicado nos itens acima.
Antes de iniciar o tratamento, informe ao médico se você tem doenças no fígado, nos rins ou no coração. Pacientes com Parkinson ou com suspeita, ou com risco de acidentes vasculares cerebrais também precisam de cuidados especiais ao usar Amplictil. Diga sempre seu histórico médico e se faz uso contínuo de outro medicamento.
Em um estudo conduzido com pacientes idosos com demência e sendo tratados com antipsicóticos, observou-se um aumento de três vezes no risco de derrames. Os motivos não são conhecidos. Portanto, antes de iniciar o uso do Amplictil, certifique-se da saúde do seu cérebro.
Se você sentir febre durante o tratamento, suspenda o uso e informe o médico imediatamente. Isso porque esse sintoma pode ser um indicativo de Síndrome Maligna, doença que pode aparecer em quem usa remédios neurolépticos, mais conhecidos como os antipsicóticos.
Outra recomendação curiosa, mas muito importante: quem tem hipertensão deve se deitar durante meia hora, sem travesseiro, depois de ingerir a dose de Amplictil. Isso ajuda a absorção e reduz os efeitos colaterais nesses pacientes.
Interação Amplictil com outros remédios
A única associação estritamente contraindicada é com a levodopa, remédio usado no tratamento de síndromes parkinsonianas e na ambliopia irreversível. É um dos medicamentos mais usados para crises de tiques, ou a síndrome extrapiramidal, como falamos mais acima.
No entanto, o Amplictil bloqueia os receptores dopaminérgicos que a levodopa precisa para agir, tornando o remédio inútil. Além disso, o uso concomitante pode causar alterações psicóticas.
Medicamentos que tratam a diabetes devem ser tomados com atenção e acompanhamento médico, já que o Amplictil pode aumentar a glicemia no corpo. Remédios gastrintestinais de ação tópica, ou seja, os usados para tratar dores de estômago, podem reduzir os efeitos benéficos do Amplictil durante o tratamento. Recomenda-se um intervalo de 2 horas ou mais entre a ingestão dos dois.
Amplictil Preço
O Amplictil não pode ser comercializado via internet ou telefone, somente nas farmácias físicas com apresentação e retenção da receita médica. Essa é uma determinação da Portaria 344/98 da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Há poucos preços disponíveis na internet, mas eles giram em torno de:
Amplictil gotas com 20 mL – média de R$ 7,00
Amplictil 20 comprimidos de 25 mg cada – média de R$ 8,00
Amplictil 20 comprimidos de 100 mg cada – média de R$ 10,00
Amplictil injetável 25 mg – média de R$ 14,00
Amplictil Genérico
Não há genéricos para o Amplictil, mas existem outros medicamentos que têm o mesmo componente principal, o cloridrato de clorpromazina. No entanto, como o preço estimado do Amplictil é baixo, recomenda-se o uso do oficial.
Pergunta dos leitores
Amplictil dá sono?
Sim. A sonolência é um dos efeitos colaterais mais comuns ao se usar esse medicamento, até porque uma das funções dele é a sedativa e anestésica.
Amplictil engorda ou emagrece?
O ganho de peso, às vezes de forma considerável, também é uma reação comum ao se usar Amplictil. Não há relatos de emagrecimento ao usar esse remédio.