A Leishmaniose é uma doença crônica infecciosa, não contagiosa, que é causada por parasitas do gênero leishmania. Esses parasitas vivem e se proliferam no interior dos macrófagos, células que fazem parte da defesa imunológica do corpo humano.
A leishmaniose não é uma doença nova, ela existe desde os tempos pré-históricos em quase todo o planeta. Entre os anos de 1985 e 2003 houve uma explosão de números de casos e ela se expandiu geograficamente.
No Brasil, ela está presente em todos os estados, em diferentes perfis epidemiológicos. As regiões onde a doença é mais comum são a Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Ela 10 vezes mais comum na região Norte do que na região Sul. O Brasil é o único país que possui um número grande de casos dos 3 tipos da Leishmaniose.
Existem dois tipos de Leishmaniose que possuem não só características e gravidade diferentes, como os sintomas também são distintos. Veja as características dos dois tipos logo abaixo:
Leishmaniose tegumentar ou cutânea
- Aparecimento de feridas em partes descobertas da pele do corpo humano;
- No estágio mais grave as feridas se desenvolvem nas mucosas do nariz, na boca e na garganta;
- No estágio mais avançado é conhecida como “ferida brava”;
- Pode ser transmitida por roedores silvestres, preguiças e tamanduás.
Leishmaniose visceral ou calazer
- Doença sistêmica (afeta vários órgãos internos do corpo humano);
- Comum em crianças de até 10 anos, após essa idade a incidência é rara;
- Os órgãos afetados normalmente são medula óssea, fígado e baço;
- É uma doença longa, capaz de durar meses ou ultrapassar o período de 1 ano;
- Pode ser transmitida pela raposa do campo.
Leishmaniose muco cutânea
É a forma mais agressiva, porque as lesões causadas nas mucosas e nas cartilagens são destrutivas e capazes de desconfigurar a face do indivíduo. Além disso, possui a forma de tratamento mais difícil.
O tratamento é feito através de dosagens altas de pentoxifilina e de um antimônio pentavalente durante o período de 30 dias. A taxa de cura para quem é submetido ao tratamento e o segue à risca é de 90%. Dos que são tratados somente com um antimônio, 48% não alcança a cura, ou no caso de cura aparente, 19% destes tem uma recaída.
Forma de transmissão
A doença é transmitida através dos insetos que se alimentam de sangue, os chamados hematófagos. Existem dois insetos mais frequentes que transmitem a leishmaniose e são hematófagos:
- Fletótomo: Possui de 2 a 3 milímetros de comprimento. Por conta do seu tamanho, muito pequeno, eles têm facilidade para atravessar mosquiteiros e telas. Costumam apresentar uma cor amarelada ou cinzenta. Suas asas dão a impressão de estar abertas mesmo quando ele está em repouso. Dentro desse tipo estão o mosquito palha, o birigui, a cangalinha e/ou a asa branca. O mosquito palha ou asa branca são fáceis de encontrar em lugares úmidos e escuros que possuem muitas plantas.
- Flebotomíneos: São os insetos que abrigam o parasita no seu tubo digestivo. No entanto, o cachorro doméstico também é um hospedeiro em potencial.
Sintomas da Leishmaniose
O paciente com leishmaniose pode apresentar vários sintomas ao mesmo tempo. É muito importante que assim que verificar estar com os sintomas listados abaixo, o indivíduo procure a orientação de um médico e inicia o tratamento:
- Febre prolongada e irregular
- Perda de peso;
- Palidez na pele e das mucosas;
- Anemia;
- Inchaço do abdômen calçado pela alteração de tamanho do fígado e do baço. A Leishmaniose faz com que esses órgãos aumentem de tamanho;
- Indisposição.
No caso de leishmaniose cutânea, haverá presença de uma pequena elevação na pele, de cor avermelhada, que irá aumentar até causar uma ferida coberta de crosta ou secreção purulenta. Também poderá causar lesões inflamatórias nas mucosas da boca e do nariz.
A Leishmaniose pode matar?
Infelizmente sim! De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Leishmaniose é a segunda doença, causada por um parasita, que mais mata no mundo. Ela está atrás somente da malária. Em 47 países se encontra em estado endêmico, colocando 200 milhões de pessoas em risco de infecção.
A cada ano são de 200 a 400 mil casos novos dessa doença que surgem. Infelizmente o Brasil é um dos países com maior incidência, junto com Bangladesh, Sudão, Índia e Nepal, soma 90% dos casos.
Caso não seja diagnosticada de forma rápida, ou não seja tratada com os medicamentos que possuem os melhores efeitos, os sintomas da doença se intensificarão levando o paciente a óbito.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito através de exames que coletam amostras de linfa ou sangue, por meio de biópsias do baço ou da pele, depois de testes de imunidade ou até mesmo por detecção do DNA.
O tratamento é feito após a constatação da doença e é realizado através do uso de antimônio, pentamidina, marboflaxocacino anfotericina ou milte fosina.
Prevenção
A melhor forma de prevenção é através do uso de repelentes, uso de telas contra mosquitos e pela preocupação de construir casas que tenham ao menos 500 metros de distância de matas. Outra forma de prevenção é através do controle periódico do estado de saúde dos animais domésticos, através de exames de sangue gratuitos feito pelo zoonoses.
Após o diagnóstico da infecção nesses animais, é feita a remoção deles e a eutanásia. O que é um procedimento bastante polêmico. No entanto, no caso dos cães infectados não existe nenhum tipo de tratamento que cure a doença, eles só a estabilizam, por conta disso é provável que o animal tenha recaídas.
No caso da leishmaniose de canídeos é utilizado antomiais, o Milteforam do Laboratório Virbac, e o Leishguard do laboratório Esteves. Há também um medicamento chamado alopurinou, que deve ser administrado diariamente.
Vacina
Um professor brasileiro é o responsável pela criação da vacina para leishmaniose. O professor Wilson Mayrink é pesquisador do Departamento de Parasitologia da Universidade de Minas Gerais e é o autor da criação. Ele recebeu o registo do Ministério da Saúde e por conta disso a vacina já tem permissão de comercialização no País.