O que é Hemoglobina glicada?
A hemoglobina é uma proteína que está presente no sangue (para ser mais preciso, ela encontra-se nos glóbulos vermelhos) e que é responsável por realizar o transporte do oxigênio no sistema circulatório. Enquanto os glóbulos vermelhos perduram no organismo, uma fração das hemoglobinas acaba por incorporar glicose.
Isso ocorre devido à concentração de açúcar no sangue. Essa fração de hemoglobina acaba recebendo o nome de hemoglobina glicada ou, ainda, glicolisada (HbA1c). Quanto mais açúcar estiver presente no sangue durante esse período de 90 dias (tempo de duração dos glóbulos vermelhos), maior será o aumento de hemoglobinas glicadas.
Nas pessoas que possuem diabetes, a taxa desse tipo de hemoglobina é superior ao que se espera normalmente afinal, essa doença se caracteriza pelos altos níveis de açúcar que o sangue apresenta.
Por que fazer o exame de hemoglobina glicada
Normalmente, para saber se um paciente sofre de diabetes o médico solicita um exame de sangue: a glicemia de jejum. Com ela, pode-se verificar a concentração de glicose no sangue que o paciente apresenta no período que houve a coleta.
Mas esse resultado pode oscilar, pois depende de alguns fatores como, por exemplo, a realização de atividade física ou a ingestão de medicamentos. Outro fato que pode acontecer é o paciente apresentar um nível normal de glicose na hora da coleta, mas ter picos hiperglicêmicos no decorrer do dia.
Por esse motivo, a realização do exame de hemoglobina glicada se faz importante, pois ela mostrará a concentração média que o sangue apresenta de glicose ao longo do período.
Quando o exame pode ser solicitado
Esse exame, quando usado em conjunto com outros exames como o de curva glicêmica e o de glicemia de jejum, pode ser usado para fazer o diagnóstico e o acompanhamento do diabetes sendo que, do diabetes tipo 1 e 2 são as principais doenças que estão envolvidas na dosagem da glicose.
No entanto, o médico pode indicar o exame de hemoglobina glicada mesmo que o paciente não apresente sintoma definido, apenas para fazer um check-up afinal, o diabetes pode não apresentar nenhum tipo de sintoma por muito tempo.
Mas a realização desse exame também pode ser solicitada para que se tenha um diagnóstico de anemia ou, ainda, para averiguar se a contagem de hemoglobina está baixa. Dificilmente o médico solicitará esse exame para avaliar a existência de hipoglicemia, mas isso pode acontecer.
De acordo com os sintomas ou as condições que o paciente apresente, o médico pode pedir que seja realizado o exame para medir a glicemia de jejum e fazer uma avaliação mais profunda. São eles:
- Valor acima do normal na glicemia de jejum;
- Sede intensa;
- Urina várias vezes ao longo do dia;
- Apesar de se alimentar bem, o paciente apresenta perda de peso;
- Exame de glicemia realizado fora do jejum apresenta valor superior a 200 mg/dl;
- Tonturas;
- Desidratação;
- Mal estar que pode se manifestar nas crianças como dor abdominal;
- Náusea;
- Fome intensa;
- Desmaios ou coma;
- Parente direto que tem diabetes;
- A dosagem ou o medicamento que trata o diabetes foi trocado.
Interpretação dos resultados do exame
Há uma diferença básica entre os conceitos do que é chamado de valor normal e do valor desejável dessa hemoglobina. O valor normal é o que ocorre em todo individuo saudável e que não possui o diabetes. Nesse caso, o valor da hemoglobina A1c fica entre 4,0% e 5,6%. Por isso, essa é a faixa tida como normal.
Já o valor desejável é diferente. Afinal, ele é o que se deseja para as pessoas que sofrem com diabetes, pois os portadores dessa doença possuem a taxa de hemoglobina glicada mais alta do que o normal. Por esse motivo, não se espera que esse valor fique dentro do que é considerado um valor normal.
Nesses casos, o valor desejável é de até 7% que é bem mais alto que o limite das pessoas que não são portadoras do diabetes. Esse valor para os diabéticos foi definido como o ideal, pois é a partir desse ponto que as complicações se tornam mais frequentes nesses pacientes.
Hemoglobina glicada valores de referência
A interpretação dos valores da hemoglobina glicada (A1c) é feita da seguinte forma:
- 4,0% a 5,6% – o resultado é normal e é o que se espera nos não diabéticos.
- 5,7% a 6,4% – o resultado é anormal e indica que o paciente tem risco elevado de desenvolver diabetes em um curto prazo.
- 6,5% a 7,0% nos pacientes que não foram diagnosticados com diabetes – o resultado é anormal e indica diabetes.
- 6,5% a 7,0% nos pacientes que foram diagnosticados com diabetes e que estão em tratamento – o resultado é o desejado, pois indica que a doença está controlada.
- 7,0% a 7,9% – o resultado é anormal para os adultos que foram diagnosticados com diabetes, mas esse valor pode ser tolerado nas crianças e nos idosos já que esses grupos possuem um risco maior de ter episódios de hipoglicemia.
- Superior a 8,0% – o resultado é anormal e indica que o diabetes não está controlado.
Tratamentos para que a hemoglobina glicada baixe
O valor obtido através dos exames da hemoglobina glicada indicam se o diabetes foi controlado ou não, no período compreendido entre 8 e 12 semanas. Caso o seu valor seja elevado é um indicativo de que o tratamento não está surtindo efeito e que precisa ser revisto.
Nessa situação, o primeiro passo a ser tomado é confirmar a aderência do paciente a dieta que foi proposta e ao seu tratamento medicamentoso. Essa medida é necessário, visto que o paciente acaba não aderindo a dieta mas quem leva a fama de ineficaz é o medicamento. Para que a hemoglobina A1c seja controlada é preciso a junção da dieta com a ingestão do medicamento na dose recomendada pelo médico.
Outro ponto muito importante que também precisa ser explorado são as atividades físicas e o controle do peso. Quando essas duas medidas são feitas com afinco, o uso de medicamento pode ser dispensado.
Situações que podem alterar o resultado da hemoglobina A1c
O exame que identifica os valores da hemoglobina glicada é muito confiável. No entanto, seus valores podem ser alterados em algumas situações como é o caso do paciente que ingere bebida alcoólica, que sofre de insuficiência renal ou foi diagnosticado com anemia por falta de ferro, ácido fólico ou vitamina B12.