Transtorno Bipolar


As alterações emocionais têm sido relatadas há muito tempo, aparecendo nos manuscritos tanto da Grécia quanto da Pérsia antiga. Os transtornos de humor, tais como o transtorno bipolar, são estudados há anos, porém seu conceito já mudou bastante desde sua primeira descrição e, provavelmente, continuará mudando em função de novos estudos. Eles apresentam, como principal sintoma, a alteração do humor ou do afeto, e tendem a ser recorrentes.

Existe atualmente uma imensa literatura de pesquisa sobre o transtorno bipolar na tentativa de se compreender a complexidade clínica, as causas, os fatores psicossociais e também as diferentes formas de tratamento. Alguns estudos tentam descobrir determinados marcadores biológicos específicos para o transtorno bipolar que tornarão mais fácil o diagnóstico e o tratamento da doença no futuro.

O que é o transtorno bipolar?

O transtorno bipolar é bastante comum e apresenta sintomas complexos, causando prejuízo considerável ao paciente e também a todos que estão ao redor, como familiares e pessoas do convívio diário. A doença se manifesta de forma precoce, impactando muito a parte cognitiva e emocional do desenvolvimento do paciente, trazendo diversas dificuldades interpessoais, educacionais, financeiras, profissionais, que acabam deixando sequelas por toda a vida.

O transtorno bipolar é uma condição crônica caracterizada pela recorrência de diferentes episódios maníacos, depressivos e mistos, implicando em episódios de humor em que os pensamentos, as emoções e o comportamento do paciente se alteram visivelmente durante um período considerável, afetando muito o cotidiano do paciente.

O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico, sendo baseado em levantamento histórico e no relato de sintomas pelo próprio paciente ou através de amigos e familiares. É importante que se faça um diagnóstico correto para que não se confunda os sintomas com outras doenças, tais como a esquizofrenia, a depressão maior, a síndrome do pânico e os distúrbios de ansiedade.

Causas do transtorno bipolar

As causas do transtorno bipolar são semelhantes às de outras doenças, apresentando uma vulnerabilidade biológica que acaba desenvolvendo determinados sintomas, devido a algumas alterações químicas e de funcionamento do cérebro, alterações hormonais e imunológicas do organismo, a ocorrência de lesões cerebrais, problemas com neurotoxinas, além do uso de drogas estimulantes e depressoras do sistema nervoso central, entre outras.


Acredita-se que o transtorno bipolar se desenvolva a partir de alguns fatores genéticos e também devido a fatores ambientais, também chamados de fatores desencadeadores. Muitas vezes, o transtorno bipolar ocorre em conjunto com outras condições, como os problemas por uso abusivo de álcool, de drogas, além de quadros graves de ansiedade.

Sintomas do transtorno bipolar

transtorno bipolar

O transtorno bipolar é formado por diferentes episódios. Durante os episódios bipolares, o paciente pode passar por diferentes tipos de estados: de mania, hipomania (episódios de euforia), depressivo ou estados mistos.

Nos episódios maníacos, há mudança de humor para o estado excessivamente feliz, exaltado ou irritado, apresentando os sintomas de confiança excessiva, pouca necessidade de dormir, falar mais que o habitual, perda da concentração, busca por estímulos constantes, entre outros. Podem também ocorrer sintomas psicóticos, como alucinações, delírios, pensamentos desorganizados e confusão mental.

Nos episódios hipomaníacos, há a presença de sintomas semelhantes aos de mania, porém de forma mais leve e não existem sintomas psicóticos. Já nos episódios depressivos, ocorrem sintomas de humor deprimido, tristeza, perda de interesse ou prazer nas atividades, falta de energia, cansaço, alterações apetite e de peso, problemas de sono, sentimentos de inutilidade, excesso de culpa, dificuldade de concentração, pensamentos ruins com frequência, entre outros.

Por fim, nos episódios mistos, a pessoa apresenta sintomas tanto de mania quanto de depressão, de forma simultânea, durante pelo menos uma semana, causando um desequilíbrio significativo no cotidiano e sendo necessária a hospitalização. Ocorrem, neste caso, alterações de humor rápidas (feliz, irritado, triste), inquietude, dificuldade para dormir, além de ter a presença de sentimentos de culpa e pensamentos suicidas.

Transtorno bipolar tem cura?

O transtorno bipolar não é uma doença que tenha cura, o que existe é uma forma efetiva de controle dos sintomas para que os pacientes tenham mais qualidade de vida e possa exercer melhor suas atividades diárias.

A maioria dos tratamentos disponíveis continua, infelizmente, imprecisa tanto em relação à eficácia quanto em relação aos efeitos colaterais. Ainda não existe uma cura para o transtorno bipolar e muitos dos pacientes questionam o fato de não se sentirem tão bem com os tratamentos indicados, já que ocorrem alterações na personalidade e nas características dos mesmos.

Tratamento para o transtorno bipolar

Deve-se compreender que muitos dos pacientes com transtorno bipolar sentem culpa ou vergonha, muitas vezes negando a existência do problema ou acreditando em soluções de curto prazo. Portanto, o objetivo de todos os tratamentos deve sempre considerar os aspectos tanto físicos como psicológicos, criando-se uma estratégia de longo prazo (profilaxia) com foco na diminuição do impacto da doença, além dos tratamentos na cognição e no funcionamento social e ocupacional.

Entre os principais tratamentos disponíveis atualmente estão o uso de medicamentos como o lítio, os agentes anticonvulsivantes, os ansiolíticos e os antipsicóticos de segunda geração, que ajudam a manter o humor estável dos pacientes, trazendo melhor qualidade de vida. A associação do lítio com antidepressivos e anticonvulsivantes tem demonstrado maior eficácia para prevenir recaídas.

No entanto, a combinação do uso de medicamentos com a psicoterapia é considerada ainda a melhor maneira de se alcançar bons resultados, pois esta oferece suporte para o paciente superar todas as dificuldades em função das características da doença, ajudando a prevenir crises e promovendo melhor adesão ao tratamento com medicamentos que deve ser mantido por toda a vida.

Os tratamentos psicológicos que demonstraram maiores benefícios incluem a psicoeducação, a terapia cognitivo-comportamental, a terapia focada na família, a terapia interpessoal de ritmo social, entre outros. Os benefícios destas terapias incluem a redução de certos tipos de recorrências bipolares, do tempo da doença, da hospitalização e melhoria considerável do desempenho nas atividades cotidianas.

Outra questão fundamental para o tratamento é a redução dos fatores desencadeadores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver sintomas. Para tanto, é necessário se fazer alguns ajustes no estilo de vida e nos objetivos dos pacientes.